Aranhaverso, um filme que a indústria de animação precisava.

Também uma das melhores coisas que eu já assisti.


Sabe quando o mercado tá fazendo a mesma coisa de novo, e de novo? Aí vem alguém com algo diferente e bom, aquela perspectiva diferente que renova as energias, então, esse é o Aranhaverso.

Hoje eu vejo o mercado de filmes de animação dividido em dois: Disney/Pixar e DreamWorks/Outros. O qual os filmes da Disney ou da Pixar seguem sempre um excelente qualidade técnica e histórias que se propõem a emocionar o espectador. Enquanto do outro lado, influenciados pela DreamWorks, seguem uma produção boa e com histórias que têm o objetivo de entreter o espectador. Onde ambos seguem estéticas e produções parecidas, com todos os filmes sendo feitos em 3D da mesma forma da época de Toy Story, só que agora com mais texturas e cores.

(A Disney até propôs uma nova estética com o curta Paperman de 2012, misturando o 3D com o 2D, mas ela parece ter morrido já no segundo curta que veio depois, Feast de 2014).

O que Homem Aranha: No Aranhaverso fez foi chegar e falar: “Aqui ó, olha o leque de possibilidades que a animação oferece!”. O filme juntou a aparência dos quadrinhos, junto com o 3D, mais a animação e criou um deleite visual que dá vontade de parar frame a frame para ver cada quadro. A junção 2D e 3D deu possibilidades estéticas, de montagem e de narração que só teve a acrescentar no filme.

Porque eles podiam muito bem fazer a velha formula do 3D ou até mesmo fazer em 2D, que continuaria sendo um bom filme, visto que tem uma boa história, mas eles escolheram por inovar e pensar no que se encaixava melhor para aquela obra. Ou seja, o espectador não só estava vendo algo novo, como estava vendo algo novo que combinava com a narrativa.


A história do Aranhaverso, como devem ter visto nos trailers, consiste em vários homens aranhas se encontrarem em um mesmo universo e se unirem por conta de um objetivo em comum.

Um certo enredo desafiador, visto que teria que se explicar o multiverso e a história de cada personagem. Onde novamente eles optam por um viés diferente, a fala direta com o público, não há quebra da 4ª parede, mas quando um novo personagem aparece eles não têm medo de simplesmente chegar e falar: “Oi, eu sou Peter Parker, fui mordido por uma aranha radioativa e pensei que era o único Homem Aranha”. Simples, rápido e plausível.

A dinâmica dos personagens é o charme e a graça do filme, porque ao mesmo tempo temos o lado do Homem Aranha comediante junto com o lado do amigo da vizinhança. Então, quando eles interagem entre si é uma mistura de zoação com preocupação, fazendo com que você se preocupe com eles e querer que eles fiquem juntos. Principalmente porque o Homem Aranha é um herói solo e vê-lo tão bem integrado com os outros é de aquecer o coração.

O trio de direção, Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman, também soube trabalhar muito bem o grau de importância dos personagens, porque não dá para dar espaço para todos e eles fizeram com que o espectador entendesse isso. Além das referências dos quadrinhos e dos memes, eles souberam escolher os planos para melhor passar os sentimentos que eles queriam passar.

O filme é repleto de uma emoção de inclusão. Porque é um filme que não só está passando o manto de um herói para o outro (de um herói branco para um herói negro, é muito importante ressaltar isso), como também está permitindo que ambos esses heróis coexistam, e coexistam de diferentes formas. Literalmente falando que todos podem ser um herói. Afinal a animação mostra que até um porco pode ser o Homem Aranha.


Mas eu diria que o ponto alto de Aranhaverso é a montagem e a dinâmica, bem servidos pela estética falado acima. O ritmo do filme não cai ou se perde nem um minuto, os planos ficam o tempo que têm que ficar e a mudança entre eles é quase imperceptível. Você mergulha naquele universo sem perceber e não quer mais sair dali, não se quer que o filme acabe. Uma imersão colaborada, como sempre, com a trilha do filme e seus sons. Eu não posso dizer que o som está em pé de igualdade com a imagem, mas ele não fica muito atrás.

Homem Aranha: No Aranhaverso não só saiu da mesmice da estética Pixar, como também conseguiu unir emoção com entretenimento. Não vou dizer que esse filme vai transformar a Sony na próxima Disney, mas eu sinceramente espero que o sucesso desse filme faça com que os outros estúdios repensem as suas próximas produções.

Me dá uma série da Gwen, por favor.

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