Poderia Me Perdoar? [Crítica]

Achou que não ia ter crítica sobre filme indicado ao Oscar? Achou errado! Mas olha... quase que você acerta (Risos). Por sorte consegui superar os contratempos de horário e uma bronquite muito carinhosa e aqui estamos com Poderia Me Perdoar? que foi indicado nas categorias Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Atriz e Melhor Ator Coadjuvante, além de ganhar outros prêmios no Globo de Ouro, BAFTA e Critic Choice Award.


Crítica por Reinaldo Barros:
O filme em questão fala sobre Lee Israel (Melissa McCarthy), jornalista e autora de biografias de sucesso nos anos 70 e 80 nos Estados Unidos, no entanto o que mais lhe marcou foi a sua autobiografia, na qual contava para todos a sua empreitada na falsificação de cartas de escritores falecidos. Para quem está surpreso aí vai um spoiler: “Fake News” sempre existiu, só que com terminologias diferentes ao longo das eras.

Em Poderia Me Perdoar? ficamos sabendo um pouco sobre o que a levou a escolher essa alternativa e como foi o todo o processo, não dando muito destaque a própria confecção das cartas. Contudo, isso não representa problema algum para a compreensão ou imersão, pois todo o restante foi muito bem produzido. A atriz Melissa McCarthy, mais conhecida pelos filmes de comédia, está excelente nesse papel dramático. E não podemos esquecer de Richard Grant (Jack Hock), que dá vida ao único amigo de Lee e traz para o filme um pouco de humor, deixando menos pesado a dura vida clandestina de dois excluídos.


Este é um longa bem melancólico do começo ao fim, em alguns momentos temos situações mais descontraídas que quebram um pouco com a infelicidade constante que é a vida de uma autora, menosprezada por sua própria agente literária. Não é nem um pouco difícil entender e nos solidarizarmos com Lee, isso porque ela é induzida pelas próprias circunstâncias a fazer o que fez. Além disso questões atuais são trazidas no diálogo entre Lee e sua agente Marjorie (Jane Curtin), quando colocam o dedo na ferida sem usar eufemismos. A complexidade de subsistir não se limita à protagonista, Jack Hock se revela um petulante nova-iorquino que teima em continuar vivendo numa cidade homofóbica e excludente com aqueles que já possuem a cabeça branca ou mais rugas que um Renew pode esconder.

Pouquíssimas coisas mudaram desde aquela época, ainda somos uma sociedade que desvaloriza a experiência da mulher madura, tratando-a como mero objeto sexual. Outras questões mercadológicas também podem ser observadas aqui como a valorização maior do retorno financeiro imediato para as editoras, independente se o conteúdo reforça preconceitos ou se o autor é alguém moralmente desprezível por compactuar com questões eugênicas.

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