Hilda, uma das Animações Mais Encantadoras


Na leva de estreia de setembro, a Netflix trouxe um dos desenhos mais encantadores que já vi. Hilda é originalmente uma série de graphic novel criada pelo britânico Luke Pearson em 2010, onde aparentemente foi iniciativa do próprio em transformar a sua história em uma animação.

Hilda se passa em um universo bem parecido com os anos 90, em um lugar parecido como interior do norte europeu, onde pessoas e criaturas fantásticas vivem juntos. Acompanhamos, então, as aventuras de Hilda uma menina que cresceu na floresta, mas agora está se mudando para a cidade para ter uma vida mais “normal”.

A série Hilda parece ser a evolução das séries episódicas dos desenhos animados. Os desenhos animados americanos estão em um processo de serialização, onde agora as produções estão pensando em contar uma história por trás das aventuras dos protagonistas. Porém, Hilda não quer contar nenhuma história por trás, a série é pura e simplesmente o dia-a-dia de Hilda e seus amigos descobrindo o mundo. E é nessa simplicidade que ela é tão encantadora.

Claro que eles não vivem um mundo comum, nesse universo há trolls, elfos, gigantes, entre outras criaturas mágicas e até assustadoras, mas não é como esses seres fossem retratados de forma extraordinária, e sim, como criaturas que os pequenos exploradores encontram em suas aventuras.

Aventuras essas que têm atmosfera muito inocente, onde as vemos da perspetiva de crianças. Hilda, Frida e David não querem salvar o mundo ou descobrir o grande mistério, mas ganhar a medalha de escoteiro, ou ajudar um amigo, ou descobrir se aquela animal é realmente verdadeira.

Um dia-a-dia que para nós expectador, principalmente o expectador adulto, fica mais interessante por conta das novas criaturas que ainda não conhecemos. E eu também disse anteriormente que era uma evolução da série episódica, pois em Hilda há uma linha temporal, os acontecimentos têm causa e consequência e os personagens têm memoria.

Já ia esquecendo de mencionar também, a comédia da série. Hilda não vai ser uma série para gargalhar, mas vai te tirar algumas risadas. Uma comédia que ocorre no absurdo das situações, como um homem de madeira vender a Hilda para um gigante para depois ela rouba-lo.


Eu falo que história simples assim precisam de personagem que nos façam nos importar com eles. Em Hilda os personagens são caricatos e sem muita complexidade, têm uma retratação bem de criança. Onde a Hilda é a exploradora nata, a Frida é a metódica com tudo perfeito e o David o menino medroso, mas apesar de caricatos não são personalidade exageradas. Há episódios que vemos a Hilda com medo, a Frida descuidada e o David corajoso. Da mesma forma que é colocado bem sutilmente o outro lado dessas personalidades, como a Hilda ser um pouco descuidada, a Frida ser um pouco metida e o David ser um pouco egoísta. Só lembrando que esses contrapontos são mais um detalhe do que um aprofundamento.

Um detalhe especial em relação aos personagens é a relação da mãe da Hilda com a Hilda, normalmente nos desenhos os pais são deixados de lado e são os últimos a saberem das aventuras dos filhos, mas em Hilda, Johanna não só quer saber o que a Hilda está fazendo como a própria Hilda inclui sua mãe no que está acontecendo.

Olha essa fofura, meu deus.
Para finalizar o porque essa série é tão encantadora, temos uma produção quase que impecável. Para mim a produção, ou seja, a animação, as cores, o traço, a música etc, têm que servir ao que a obra se propõe, e não varia sentido se Hilda tivesse um estilo de traço complexo ou cores vivas.

Hilda tem uma paleta de cores desaturada e quente, pois é um desenho que se propõe a ser aconchegante. E o contorno granulado é para remeter a um traço de lápis, e assim a uma animação mais antiga.
Na verdade, esse traço mais simplesinho e redondinho, só teve a acrescentar na fluidez da animação, que se tornou a coisa mais agradável de se ver.

Eu disse que a produção está impecável, pois em nenhum momento, nem mesmo quando ficavam pequenos e mais simplificados, eles não pareciam estar sendo feitos sem qualidade. Não só o desenho, mas também as cores e as luzes. Eles levaram ao pé da letra que o simples tem que ser feito perfeitamente.

A trilha sonora fecha com chave de ouro todos os encaixes da produção, ela não só faz o seu papel de estar presente e ausente quando precisa, mas as músicas traduzem as emoções do momento sem você perceber.

Hilda é uma série destinada para o publico infantil, mas ser infantil tem que parar de ser sinonimo de ser ruim.

Olha esse relacionamento saudável entre mãe e filha.

Um comentário:

  1. Parei de ler no "trousse" com dois ss.... não deu para continuar a leitura depois dessa.

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