Gravity Falls [Review]

Uma boa animação, um bom gênero, mas personagens um pouco antiquados.


Gravity Falls: Um Verão de Mistérios é um desenho animado original do Disney Channel (atual Disney XD) e foi criado por Alex Hirsch. A série estreio em junho de 2012 e foi até fevereiro de 2016, contando somente com duas temporadas e o total de 41 episódios, com 24 minutos cada.

A animação conta as aventuras de Dipper e Mabel Pines, dois irmãos gêmeos, que vão passar o verão na casa do seu tio avô, Stan, em uma cidade do interior chamada Gravity Falls. A história começa quando Dipper encontra um diário que revela todos os mistérios sobrenaturais que aquela pequena cidade possui e o utiliza para combater as criaturas e monstros que aparecem enquanto ele e sua irmã curtem as férias de verão.

Gravity Falls foi uma série de bastante sucesso durante a sua exibição, sendo a animação de maior audiência do canal Disney, batendo recordes de “ibope” do canal e ainda ganhando alguns prêmios no caminho.

Por isso as minhas expectativas estavam muito altas quando resolvi, finalmente, assistir a série ano passado. No entanto, o começo do desenho foi tão chato para mim que eu larguei de mão lá pelo episódio 8. Sendo só no meio desse ano que voltei a assistir de onde eu parei (sim, eu faço isso bastante) e ainda como uma segunda tela, deixando ali do lado tocando enquanto fazia alguma outra coisa. Foi somente lá pelo episódio 15 que eu, finalmente, consegui assisti-lo com atenção.


Agora, porque eu demorei tanto tempo, quase metade da série, para ser capturada por esse desenho tão reconhecido e elogiado? Por questões pessoais. Sendo assim, eu queria, primeiro, falar sobre essas questões, para depois fazer uma análise mais “imparcial”.

O que mais me distanciou de Gravity Falls foram o”s” protagonista”s”. Veja bem, eu tinha a expectativa de um desenho animado que tratava de dois irmãos, porém, eu recebi uma série sobre o irmão que resolve mistérios e a irmã dele que faz umas coisinhas aí. Sem mencionar que a maior parte das vezes é o Dipper quem salva o dia.

Atrelado a isso há, também, toda uma representação antiquada (pelo menos para mim) de um personagem masculino e feminino. O Dipper tem questão de “virar homem” e demonstrar um certo repudio por “coisas de menina”, enquanto a Mabel é a menina que só quer saber de arrumar um namorado e ter um coração puro. Em toda uma dinâmica que ele é razão e ela o coração.

Essa representação é amenizada e melhor colocada com o decorrer da série, mas no começo há situações como: falar que lutar pelo que considera certo é coisa de homem e associar a ser fraco/falso a mulheres. (Não é que não exista pessoas assim, nem que não pode ser mostrado, mas é uma questão pessoal minha que não me agrada tanto e foi colocada de forma sem muito tato).

Ainda envolvendo os gêmeos, outro fator que me incomodava era a personalidade dos dois. (O que é 100% pessoal meu). O Dipper é o pré-adolescente que está na fase de querer ser “descolado”, mas gosta de coisa de criança, então, ele acaba sendo bem babaca e chato as vezes. Enquanto a Mabel é a personagem boba e extremamente positiva, que é um tipo de personagem que me irrita um pouco. (Eu tive o mesmo problema com o Steven de Steven Universo no começo.)


Agora vou deixar esse incomodo de lado e falar sobre a Gravity Falls sem tanta pessoalidade.

Começando com porque eu acho que essa série foi tão popular. Para mim, o responsável dessa popularidade é o gênero dele, que é um terror-comédia, um gênero que não se vê muito, principalmente em um show infantil. Muitas séries têm os seus mistérios narrativos, têm os seus segredos que são revelados ao longo da história, mas o expectador “não sabe que eles existem”. Em Gravity Falls nos é apresentado os enigmas e é esperado a resolução deles. Sem contar que esse desenho dá um certo medo e apreensão ao seu público, que são aliviados com a comédia.

Claro que ele não teve à proporção que teve só por um gênero diferenciado, ele têm uma história maior por trás dos episódios episódicos, apesar de eu achar que essa história principal não foi tão bem linkada com as histórias dos episódios da semana, é um fator que atrai mais público do que o previsto. (Leia-se: Não só a criançada que vai querer assistir).

Considero que a produção acertou a medida em faze-lo só com 41 episódios, eles criaram um mundo, uma história, que não fosse tão diferente ou complexa ou grande que necessidade de um longo número de episódios, como Hora de Aventura ou Steven Universo. Quando Gravity Falls acaba você se sente satisfeito.

Em relação os fios condutores da história, os personagens. Sobre os gêmeos eu já deixei lá em cima as minhas divergências com eles, mas eu tenho que apontar que eles crescem conforme a história e ficam menos chatos. Sobre os outros personagens, há espaço para eles se desenvolverem ou terem o seu momento de herói, então, se o Dipper e Mabel não agradaram tanto, algum outro personagem deve te fazer ficar na história. (No meu caso foi o Stan e a Wendy).

Agora para brigar com esses personagens e fazer a história acontecer, temos primeiramente as criaturas, monstros e o Gideon, praticamente inofensivos. Vilões baixos para fazer o grande chefão, parecer o chefão de verdade, Bill Cipher. Antes de assistir a série eu não entendia porque tanta gente adorava ele, depois da série eu entendo por tanta gente adora ele. Ele não é o vilão: sou mal porque sim ou porque tenho princípios distorcidos, mas é o vilão: faço o que eu quero e faço o que for para ter o que eu quero. Onde ele só se entra em conflito com os heróis porque eles têm o que ele quer. Simples, porém, eficiente.


Passando agora para a produção. Resumidamente, selo Disney de qualidade, (não que as animações do canal de TV tenham haver com o a grande estúdio dos longas metragens). A animação é simples, não têm grande cenas nem lutas, mas é quase tudo bem executado nos detalhes. Enquanto o traço dos personagens são frugais, os cenários e ambientes são mais minuciados. Tendo também cuidado com a luzas de algumas cenas, deixando-as menos chapadas e dando mais importância a elas.

Sonoramente eu assisti a maior parte dublada, que foi ótima, afinal só tinha dublador de peso no elenco. Cada voz era única e casava com os personagens, principalmente do Dipper, que na dublagem americano parece um adulto. A trilha sonora é um pouco desapercebida, mas se prestar atenção ela está fazendo o seu papel estando presente ou ausente nos momentos certos, o mesmo vale para os efeitos sonoros.

No geral Gravity Falls é uma ótima série animada, eu tenho problemas com ela, alguns nem tão pessoais assim, mas ela junto com Hora de Aventura e Steven Universo estão dando um ponta pé para a nova era de desenhos animados americanos. Com desenhos mais maduros, complexos e com uma temporalidade linear.

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