O Orgulho [Crítica]


Sinopse: Neïla Salah é uma jovem francesa de origem árabe que sonha em ser advogada. Desde o primeiro dia de aula na renomada Faculdade de Direito de Paris ela se depara com Pierre Mazard, um professor conhecido pela sua má conduta que, para se redimir, aceita ser seu mentor num concurso. Porém, ambos precisam enfrentar seus preconceitos.

Crítica por Reinaldo Barros: Um filme atualíssimo e maravilhoso que consegue abordar a questão mais debatida hoje na Europa, com um desfecho agradável e coerente. Nesse longa podemos refletir a respeito das consequências dos graves problemas sociais nos países do chifre africano e dos conflitos armados no Oriente Médio, agravantes da imigração global.

Atualmente a França é o país com maior diversidade étnica da Europa, e para uma parcela, eufemisticamente, chamada de conservadora isso é um pesadelo. Pierre Mazard (Daniel Auteuil) é um professor universitário habilidoso, com vasta experiência e prestígio em declínio devido a sua postura racista. Pierre não se acovarda diante das inúmeras câmeras ou da advertência do seu amigo e presidente da universidade (Nicolas Vaude). No entanto aceita sua proposta para “pôr panos quentes” e se retratar, indiretamente, com a sua última vítima de piadas racistas, Neïla Salah. A protagonista é interpretada por ninguém menos que Carmélia Jordana, ganhadora do César 2018 de Melhor Atriz (Equivalente ao Oscar na França).

A proposta nada mais é do que treinar a jovem estudante para ganhar o concurso universitário de retórica. Neïla é uma mulher árabe, filha de pais imigrantes, crescida no subúrbio de Creteil, que sonha de ser advogada, mas sem se curvar ao padrão inerente ao ofício.


Assim como em nosso país o racismo tem raízes profundas e complexas na sociedade francesa, e com a questão da imigração esse racismo ganhou novos alvos. No filme vemos um funcionário negro, discriminado por professores, que barra apenas uma aluna árabe. Consegue perceber o quão é parecido conosco? Outras questões podem ser observadas na convivência de Neïla com seus amigos, em especial com Munir, outro descendente de imigrantes, só que com menos oportunidades a vida.

Em O Orgulho não temos aquela vítima e vilão clássicos, onde um sofre e o outro inflige o sofrimento. Muito pelo contrário, e mesmo não se suportando, os dois aprendem a evoluir juntos e a superar seus preconceitos contra o outro. Talvez você possa se lembrar um pouco de Outra História Americana, mas ao decorrer do filme verá que é incomparavelmente mais leve. O que tem de igual é a mensagem de respeito e tolerância com o diferente e que todos merecem respeito independente do seu credo, gênero, origem, classe social, fenótipo ou sexualidade.

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